Do coração

Hoje sou feita de clichés, culpo o vinho, a vida corre me numa velocidade estupidamente perigosa, sinto que o meu cérebro não tem tempo suficiente para processar tudo o que acontece a minha volta, chega a ser esgotante tentar arrumar todas as gavetas reviradas.

Tirei um longo período de tempo para processar, pensar, chegar a conclusões, arranjar desculpas e soluções até para coisas que nem estão ao meu alcance.

Neste meio tempo chorei, fechei me numa bolha, pensei, culpei me ate ao fundo do meu ser, perdoei me, voltei a culpar me, tentei fazer pelo melhor, tentei explicar me, tentei esquecer, tentei ignorar, tentei manter a cabeça baixa e ser humilde, redimir me.

Mas a verdade, a mais pura das verdades é que, apenas posso responsabilidar me pelos meus actos e pelo que digo, o que os outros entendem já me ultrapassa. Vi me numa situação onde "meio mundo" me virou as costas por uma reacção que tive, acção leva a reacção, e nesta situação fui tratada como única culpada e honestamente estava disposta a arcar com este peso. Mas não mereço.

Chega a um ponto em que temos que saber o nosso lugar, e o meu é acima de toda a discórdia, do drama, da ingratidão.

SOU uma pessoa fantástica, tenho os meus fantasmas, mas isso não faz de mim má pessoa. Nas relações que tento construir na vida, sejam amorosas sejam de amizade, dou tudo de mim, nunca me coloco em primeiro lugar, sei que a minha empatia está num nível em que poucas pessoas chegam, e faço tudo a troco da felicidade alheia, até um dia...

Mas na vida dos outros somos sempre temporários, úteis até ser inúteis. Uma vez inúteis, somos descartados, marginalizados. Podemos passar uma vida a ser impecáveis, basta uma atitude menos feliz e passamos a ser a pessoa não grata. 

Hoje perdoei me, estou em paz comigo e desejo que as pessoas que um dia me magoaram no momento mais vulnerável, nunca errem na vida, porque eu perdoo mas o karma não.

O futuro guarda o que cada um merece, e eu sei que o meu guarda coisas muito boas, porque eu nunca fui e nunca serei aquilo que os outros falam de mim, o meu coração não tem maldade.